ESCOLA

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

REVISTA VIDA E CAMINHO





Foi me dado o privilégio de escrever um artigo/estudo para a Revista Vida e Caminho. A revista da Família da IPI do Brasil.

Agradeço ao corpo editorial da Revista a oportunidade.

Revista Vida e Caminho
Edição Julho/Agosto/Setembro

Caso queira conhecer o estudo e, por algum motivo, não tem acesso à revista, segue abaixo link com o conteúdo.

Corrupção não é de hoje









Corrupção não é de hoje
O termo corrupção tornou-se corrente em nossos dias. Especialmente, em nosso país. Na maioria dos casos, política e corrupção são duas palavras que andam juntas em nosso imaginário por aqui. E não é para menos. O Brasil ocupava em 2017 a posição 96ª no ranking dos países menos corruptos do mundo em uma lista de 180 países (https://g1.globo.com/mundo/noticia/brasil-fica-em-96-lugar-entre-180-paises-no-ranking-da-corrupcao-de-2017.ghtml.). Triste e vergonhoso.
A corrupção não é coisa moderna e nem tampouco privilégio da política. Em um artigo do Doutor em Teologia Inácio Reinaldo Strieder, escrito em 2013, entitulado “Corrupção: Considerações Filosóficas”, ele afirma: “Já em registros históricos muito antigos encontramos testemunhos da corrupção humana. O grande Papiro Harris, com 41 metros, escrito durante o reinado do faraó Ramsés IV (1151-1145 a.C.), da XX dinastia, fala de uma corrupção endêmica no Egito da época. Há testemunhos de corrupção  em muitos outros papiros do tempo dos faraós.  Data do reinado de Ramsés V (1145-1141 a.C.) um papiro, propriedade do Museu de Turim, que fala de roubos, greves... com consequências calamitosas  para a fome da população mais pobre.
 O mesmo papiro de Turim registra também o processo contra um sacerdote corrupto do Templo de Khnum. As acusações consistiam no seguinte: abuso de autoridade, depoimento falso em ato público, tráfico de bezerros sagrados, tráfico de objetos sagrados em geral, peculato, exagero de maus tratos à filha de uma operária, atos libidinosos, aborto provocado, homossexualismo.  Interessante é a menção de que a condenação para o sacerdote corrupto somente ocorreu vários anos depois da prática criminosa. Já naquelas épocas, ao que parece, a justiça era lenta!”  (https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-politica/4606796)
No artigo citado, o autor relata a corrupção praticada por um sacerdote e não por um político.
Pois bem. A corrupção atinge todas as esferas da sociedade humana. E é assim, porque ela está incrustada no principal agente da sociedade: o ser humano.
Vejamos o que a Bíblia, a Palavra de Deus, tem a nos dizer sobre esse assunto que nos atinge a todos:
1- A origem da corrupção
Muitos estudiosos da sociedade tentaram e ainda tentam entender a corrupção que há no homem. Thomas Hobbes, filósofo inglês do século XVII, por exemplo, conclui em sua obra “O Leviatã” que o homem, em seu estado natural, era vil, ambicioso, instintivo e egoísta. Foi contestado por Jean-Jacques Rousseau, pensador iluminista do século XIX, que afirma em sua principal obra, “Do Contrato Social”, que o ser humano nasce bom, porém a sociedade o conduz à degeneração.
Se você fizer uma pesquisa simples no site de buscas “Google” com a expressão “corrupção significado” a informação que vai aparecer primeiro na tela é: “modificação, adulteração das características originais de algo.” (https://www.google.com/search?source=hp&ei=s-r2WsGBMYSowATk3KWIBQ&q=corrup%C3%A7%C3%A3o+significado&oq=&gs_l=psy-ab.1.1.35i39k1l6.0.0.0.4039.2.1.0.0.0.0.0.0..1.0....0...1c..64.psy-ab..1.1.104.6...104.Zel4FJINKtc)
Embora este significado esteja ligado à corrupção de um texto, é exatamente isso que a Bíblia diz quando fala da origem da corrupção no ser humano.
“Eis o que tão somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias.” (Eclesiastes 7.29)
De acordo com este verso da Bíblia, aconteceu aí o que diz o significado da palavra corrupção: uma modificação, adulteração das características originais. O homem foi criado reto, puro, à imagem e semelhança de Deus. Mas esta retidão, ou esta ausência de corrupção, foi modificada por conta da entrada do pecado no mundo. Da rebelião contra Deus. Em Gênesis 3 encontramos na Bíblia o relato do primeiro pecado praticado pelo ser humano. Não podemos ler este texto como se fosse apenas a história de Adão e Eva e o seu pecado, mas antes, precisamos entender  que daí originou-se a corrupção da raça humana. Isso fica claro no ensino do apóstolo Paulo: “...por um só homem entrou o pecado no mudo...” (Romanos 5.12)
2 – Fonte da corrupção
O Senhor Jesus afirmou em Mateus 15.19-20: “Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. São estas as coisas que contaminam o homem.”
Poderíamos dizer que neste texto o Senhor nos ensina o que é a “ação do pecado original” na vida do ser humano. Não foi apenas um ato. É o mau desejo. É a má vontade para com a boa vontade de Deus. É o constante anseio de fazer aquilo que contraria a Deus e desfavorece ou atinge negativamente o próximo. Isso fica claro desde os primórdios.
Poderíamos enumerar muitas razões para a destruição do mundo pelo dilúvio, mas, sem dúvida a principal foi “o desígnio do coração”, ou os maus pensamentos e desejos que nos levam à corrupção.

“Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração.” (Gênesis 6.5)
Mais uma vez fica claro que a fonte da corrupção humana é o seu próprio mau desejo, abrigado em seu coração, o centro da vontade. Nenhuma ação humana existe sem antes ter sido um desejo de ação. Tiago 1.14-15 registra: “Cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado.” O registro da corrupção nasce conosco no coração (ver Salmo 51.5).
Por isso, Salomão aconselha em Provérbios 4.23: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.”

3 – Cegueira quanto à corrupção (A NOSSA)
Quando cantamos o Hino 317 dos Salmos e Hinos (143 do Cantai Todos os Povos) “Redenção pela cruz”, afirmamos:
“Oh! Bem cego eu andei e perdido vaguei...”
Outro hino bem conhecido por nós, “Maravilhosa Graça” (Amazing Grace) do pastor anglicano John Newton, declara:

“Amazing grace
How sweet the sound
That saved a wretch like me
I once was lost, but now I'm found
Was blind, but now I see”
Em uma tradução livre teríamos: “Maravilhosa Graça / Quão doce som / Que salvou um miserável como eu / Estive perdido, mas agora estou encontrado / Era cego / mas agora eu vejo”
As letras dos dois hinos têm em comum a cegueira humana quanto à sua própria corrupção. À sua própria depravação e pecado. Antes das letras destes hinos, tomamos conhecimento desta cegueira na própria Bíblia em Jeremias 17.9: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?”
Quem é capaz de conhecer ou reconhecer a própria corrupção? Ninguém!
Nos assustamos com as manchetes diárias que dão conta da corrupção entre nossos políticos.
É muito fácil ver com clareza a corrupção das pessoas ao nosso redor. Dificilmente enxergamos a nossa própria. Neste sentido, fazemos várias generalizações e nos esquecemos que, ao fazê-las, nos enquadramos. “O povo brasileiro é um povo corrupto.” “Coisa difícil é lidar com o ser humano.” Falamos coisas desse tipo e nos esquecemos que somos parte do “povo brasileiro” e que também somos “seres humanos”. Somos propensos a toda sorte de prática corrupta. Todos nós. O Salmo 14.1-3 diz:
“Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam abominações; já não há quem faça o bem. Do céu olha o SENHOR para os filhos dos homens, para ver se há quem busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nenhum sequer.”
O apóstolo Paulo, neste mesmo entendimento, afirma em Romanos 3.23:
“Todos pecaram e carecem da glória de Deus.”
O Senhor Jesus, conhecedor dessa cegueira humana quanto à sua própria corrupção, disse:
“Pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires a de que não seja manifesta a tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.” (Apocalipse 3.17-18)
Sim, quanto à nossa própria corrupção somos cegos. Precisamos de “colírio celestial” para percebê-la.
Para que enfatizemos menos a corrupção do próximo do que a nossa, precisamos seguir o conselho de Jesus:
“Por que vês o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho do teu irmão. (Mateus 7.3-5)

4 – A saída para a corrupção
Só há um meio de saída para a corrupção: a conversão ao senhorio de Jesus Cristo através do convencimento dado pelo Espírito Santo de Deus (João 16.8-11). É só dessa forma que, como foi profetizado, podemos ter restaurado o coração, que é a fonte da corrupção.
“Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.” (Ezequiel 36.26-27)
Esta é a resposta de Deus para a corrupção individual e coletiva. Qualquer forma que o homem produzir para este fim, gerará ainda mais corrupção. Afinal:
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá.” (Jeremias 17.9)
Questões para reflexão:
1 – “O Brasil é um país culturalmente corrupto.” Diante do exposto no estudo é certo afirmar que a corrupção humana é cultural?
2 – À luz do que foi apresentado, podemos afirmar que medidas sócio-educativas ou punições específicas poderiam acabar com a corrupção entre nós?
3 – Mateus 7.1, que diz: “Não julgueis para que não sejais julgados.”, nos impede de confrontar práticas corruptas observadas nos outros? Se não, qual o limite desse “julgamento”?
4 – Apesar de afirmarmos que corrupção não é algo de hoje, mas antes, sempre existiu desde que o ser humano está na Terra, podemos afirmar que a corrupção tem sido aumentado nos dias de hoje? Que exemplos poderíamos dar?
5 – O alto nível de corrupção entre nós nos leva, por vezes, a minimizar seus efeitos. Será que não temos suavizado alguns atos corruptos? Há algum exemplo disso entre nós?


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